segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Entendendo um pouco melhor a crise

No Post anterior englobei alguns aspectos da crise mundial que serão necessários para entender o próximo Post, que traçará alguns paralelos entre as premissas que levaram à crise econômica mundial, as leis de Newton (reducionistas) e as dificuldades encontradas até hoje pelos cientistas no campo da física quântica.

Acredito que as explicações dadas são suficientes para que as próximas análises sejam entendidas, porém, recebi de um leitor (e amigo) dois vídeos muito interessantes que ilustram de maneira fácil, porém bastante rica, alguns detalhes mais técnicos da crise.

Como a representação é feita através de desenhos e em formato de vídeo, a compreensão ficará com certeza muito mais fácil e agradável. Assisti ao vídeo e achei uma maneira bastante "light" de aprender economia.

Seguem vídeos:

Parte I


Parte II


Agradecimentos a Rodolfo Minoru Abe, que indicou os excelentes vídeos; Jonathan Jarvis, criador dos vídeos e Guilherme Peralta, que publicou sua tradução.

sábado, 26 de setembro de 2009

A Crise Mundial

Por que foi escolhido este tema?
Estive pensando se meu próximo Post tentaria explicar o lado científico da validade de um “Desnewtonianamento” ou se explicaria mais detalhadamente os processos pelos quais isto pode ocorrer.
Ocorreu-me que talvez nenhum dos dois demonstrasse adequadamente a que este Blog se propõe. Toda a coleta de dados e sugestões espontâneas de leitores (até agora apenas os amigos, rs) me levou a crer que nenhuma das duas abordagens, pelo menos neste momento, convenceria ou chamaria suficientemente a atenção das pessoas.
E é neste contexto que resolvi trazer à tona um assunto já mais explorado e conhecido e demonstrar o quanto, mesmo sem que quase ninguém perceba, as leis de Newton (ou mais precisamente o Reducionismo) influi em nossas vidas.
No Post anterior propus um questionamento: por que, afinal de contas, preocupar-nos com esse tal Reducionismo? Se isso (aparentemente) nunca afetou em nada a minha vida?
Bom, o assunto que escolhi como o inicial é a tão falada “crise mundial”. É algo que inegavelmente afeta nossas vidas, disso acredito que ninguém duvide. E, além do mais, é um assunto sobre o qual todos têm algum conhecimento, em maior ou menor nível, mas com certeza têm. Acredito que, após relembrar alguns conceitos e fatos e reforçar outros, todos conseguirão pegar os paralelos entre a origem de toda a crise e o Reducionismo sistêmico pelo qual viemos passando ao longo de séculos.

Resumo do Post:
A crise, basicamente, ocorreu devido a uma crise do setor imobiliário que acabou por deflagrar uma crise de maiores proporções. Ela foi gerada, primariamente, pela manutenção (durante tempo demais) de algumas linhas filosóficas que não são verdadeiras, e que não poderiam mesmo trazer bons resultados (e acredito que se alastraram devido a nosso excesso de ganância, mais discutir isso geraria assunto para mais um Post).
Estas filosofias foram detectadas por vários grandes nomes do mercado financeiro, incluindo George Soros, que publicou suas percepções no livro “O Novo Paradigma para os Mercados Financeiros – A Crise atual e o que ela significa”.
Apesar de ter tido o “insight” de quais problemas geraram a crise e de, inclusive, ter sugerido que talvez o problema dos mercados financeiros não se restrinja apenas a este contexto, mas talvez também a vários outros, ele acaba por não sugerir que uma revisão de conceitos deva ser feita em toda a base das ciências atuais. Mas talvez deva.
E será que encarar o reducionismo de uma outra forma é parte da solução?

Only to the braves:
Overview da crise:
Este assunto já não está mais “na crista da onda” aqui por esses lados (Brasil) como estava há pouquíssimo tempo atrás, mas é algo que ainda estamos vivenciando e, em muitos países, ele ainda é uma realidade muito viva e verdadeiramente dolorida.
Enfim, o que pretendo discutir não é a extensão da crise e nem sua profundidade, até porque, acho que isto já é algo bastante claro e explorado. O que gostaria de abordar é o porquê da explosão da crise.
O que já é um conhecimento mais comum, pois os noticiários repetiram vezes e vezes sem fim, é que: A crise do “subprime” veio junto com uma crise imobiliária (causada por hipotecas desenfreadas e originando os chamados títulos podres) e acabaram derrubando muita gente e muitas empresas; o que por sua vez gerou um grande “problema de liquidez” e, consequentemente, uma crise no mercado geral, o que, obviamente, refletiu no mercado de ações. Tudo isto junto resultou na crise que já conhecemos. Mas a coisa é simples assim? Reconhecidos estes fatores podemos evitar uma nova crise? Re-organizar o setor imobiliário dos EUA é o bastante? Eu creio que não!

Entendendo melhor a crise:
Vamos entender um pouco mais os termos da crise. O que é o subprime? Bom, o prime é um crédito dado a pessoas com histórico de bons pagadores, estes créditos são considerados de “primeira linha”. Os créditos subprime levam este nome pois trata-se de uma modalidade de crédito onde as pessoas não se encontram na faixa anterior, são créditos ditos "de segunda linha"; ou não têm comprovação de serem boas pagadoras ou até mesmo já tiveram problemas em honrar suas dívidas.
Mas, como garantir o pagamento destes empréstimos então? O fato é que os pagamentos não eram (e estavam bem longe) garantidos, mas uma hipoteca (imóvel como garantia) amenizava a situação.
E por que se arriscar tanto? Os EUA têm uma cultura de manutenção da economia através do consumo acelerado. Ao passar por outras crises financeiras (como a “Grande Depressão”, em meados de 1930, algumas crises de setores isolados em meados de 1980 ou a crise da “bolha tecnológica” de 2000) e de outras naturezas (como os ataques de 11 de setembro) os EUA precisaram lançar mão de estratégias não muito seguras (como pôde-se ver ao final da história) para “aquecer o mercado interno”.
E então o que aconteceu? Aconteceu que cada vez mais pessoas, cada vez mais despreparadas para administrar situações adversas e outros imprevistos, tinham cada vez mais crédito. Com este crédito adquiriram mais bens, e entre eles imóveis e ações. Com mais imóveis podiam fazer mais hipotecas, e conseguir mais crédito. E toda esta mecânica retro-alimentada ia muito bem, realmente gerou um aquecimento notável, mas o que poucos esperavam era que a situação podia ser igualmente expansiva (ou até mais) também em seu sentido contrário, ou seja, se o preço dos imóveis cai, seu imóvel vale menos que sua hipoteca. Se sua fonte de lucro virou fonte de gastos, você não quita outras dívidas. Se imóveis passam a não serem pagos, o mercado fica recessivo e desvalorizado. Se os mercados ficam recessivos, as ações começam a cair, e novamente você tem uma fonte de lucro que vira fonte de prejuízos. Com isso o consumo também se retrai. Menos consumo, gera menos empregos, que gera menos dinheiro circulando, que gera inadimplência, que gera desapropriação de imóveis, que gera mais dívidas, que gera desconfiança do mercado e esse efeito dominó não tem fim (caso ninguém haja verdadeiramente sobre ele).

A visão dos economistas:
Os economistas atribuem a crise ao que chamam de “bolhas do mercado”, onde, analogamente às bolhas em um sentido mais tradicional da palavra, um setor do mercado infla, infla, infla, mas em um dado momento estoura!
O empresário, mega-investidor e profundo conhecedor da economia mundial George Soros fez uma detalhada análise dos problemas que geraram estas bolhas, uma bolha no setor imobiliário que, por sua vez, acabou estourando o que alguns economistas chamaram de uma “super-bolha”. Esta análise foi publicada em seu livro “O Novo Paradigma para os Mercados Financeiros – A Crise atual e o que ela significa”, e traz, como alguns dos principais problemas geradores da crise:
- A crença do mercado na existência do “conhecimento perfeito”, onde todos têm dados suficientes para embasar suas ações de maneira satisfatória;
- Junto à crença do conhecimento perfeito, vem também a crença de que esse conhecimento perfeito pode ser isolado de fatores externos e analisado por si só;
- Existe também a falta de entendimento sobre a “reflexividade” do mercado, onde as pessoas, ao mesmo tempo em que tentam entender a situação em que encontram-se inseridos, também tentam mudá-la;
- Soros também relata sua percepção de expansão e contração dos mercados, que foi exatamente o que aconteceu com o mercado imobiliário, expandiu-se através de uma “auto-alimentação” e culminou em uma “auto-destruição”;
- E por último, mas talvez trazendo o maior dos problemas, vem a crença na possibilidade de ser possível criar leis imutáveis e generalistas que descrevam com absoluta certeza o fluxo que as coisas tomarão.

Conclusão:
Ou seja, o que tentou-se fazer com a economia foi:
- Dividi-la em partes menores e mais simples;
- Aplicar leis básicas generalizadas para cada uma delas;
- E então tirar conclusões a partir da “interação presumida resultante” entre as partes do sistema e suas ações (regidas pelas leis básicas).
Isto soa familiar, não?
A profundidade dessas familiaridades serão discutidas no próximo Post!

domingo, 20 de setembro de 2009

Desnewtoniando

Mas afinal, por que "Desnewtoniando"?

Resumo do Post:
O princípio trazido pelas leis de Newton que mais deturpou nossa maneira de ver o mundo foi o reducionismo, que prega que tudo pode ser dividido em partes mais simples e compreendido em termos de leis fundamentais. Isto influenciou enormemente o modo como nossa ciência (principalmente a ocidental) enxerga o mundo. Newton divulgou leis relativas à física, mas o que vemos hoje é que elas influenciaram todo tipo de ciência e pensamento humano. Por isso este Blog leva o nome de "Desnewtoniando", pois é uma tentativa de reverter esta forma de pensamento reducionista imposta ao longo dos séculos.

“Only to the braves” (se você achou o resumo interessante, aprofunde-se lendo esta sessão):
Resumidamente falando, a ciência ao longo dos séculos, pelo menos aquela que foi mais amplamente aceita pela ciência tradicional ocidental, veio evoluindo de forma a tornar tudo cada vez mais concreto e analisável. Tudo o que obedecia a estes critérios, tudo o que podia ser dissecado e comprovado através da metodologia dita “científica”, foi considerado ciência, tudo o que parecia abstrato e incompreensível foi considerado misticismo infundado.

Bom, não que todas as crenças místicas tenham fundamento. Talvez nenhuma delas tenha mesmo, não há como afirmar isto. Porém, o fato é que a ciência provou que a própria ciência não estava inteiramente certa.

O ápice da racionalização do funcionamento do mundo ocorreu quando Newton divulgou suas leis básicas para a física. A lembrar: “Inércia”, “Dinâmica” (força) e “Ação e Reação”. Isso explicaria, a princípio, desde o movimento de um grão de poeira flutuando na sala até o movimento dos planetas no universo. Logicamente muitas outras teorias e estudos deram apoio à formulação destas leis, e muitos outros estudos e experimentos os complementaram, mas o fato é que descobertas recentes comprovam que nem tudo no mundo Newtoniano estava perfeito, algo não estava previsto.

O grande legado da ciência Newtoniana (e que, ao mesmo tempo em que nos ajudou imensamente, pode ter também nos minado profundamente) é o princípio do reducionismo. Este princípio prega que tudo o que se pretende analisar, por maior e mais complexo que seja, pode ser divido em partes mais simples, e entendido em termos das leis básicas que o regem.

A ciência que pode aos poucos desvendar as lacunas deixadas pela física Newtoniana é a Física Quântica e, apesar de ela mesma ainda não estar suficientemente entendida, já é inegável que existe algo por trás das leis Newtonianas (que até então vinham “regendo” nosso mundo), algo muito além de leis imutáveis aplicadas a partes separadas de um todo.

Mas, afinal de contas, para que saber o que ocorre dentro de um próton, que por sua vez está dentro de um núcleo, que por sua vez está dentro de um átomo, que por sua vez está dentro de uma molécula e, mesmo depois de ampliar-se tantas vezes seu contexto, ainda assim é invisível para mim?

Realmente este conhecimento pode não ser tão útil em nosso dia-a-dia, mas o ponto é, o reducionismo influenciou praticamente toda a forma de pensamento humano. Limitou, desviou e até mesmo desvirtuou muitas de nossas ciências e formas de pensar. Vejo hoje uma grande necessidade de mudança na forma de ver o mundo. E é a isso que se propõe este Blog: a promover a discussão entre aqueles que acham que algo precisa mudar, e a conscientizar àqueles que ainda acham que algo neste mundo pode ser chamado de “verdade absoluta”.

Inauguração

Após um longo tempo de especulação sobre criar ou não criar um Blog, finalmente ele está no ar!
Gostaria de com o tempo expandir as formas de comunicação virtual, mas por hora acredito que um Blog já seja um bom começo.

Reservo o primeiro Post apenas para agradecer a Kleiton Kuhn, criador do blog http://www.kleitonkuhn.blogspot.com/, Blog focado em "Metagestão", que me convenceu que este negócio de Blog realmente traz resultados concretos.

Espero que este Blog possa gerar muitas discussões sobre os temas abordados, mas se gerar ao menos uma discussão que possa agregar valor a ambas as partes já terá valido a pena!
BlogBlogs.Com.Br