É... o ano praticamente acabou e já faz um tempo desde o último Post, então, para encerrar o ano com chave de ouro, vamos ao último Post de 2009!
Resumo do Post:
Acho que a finalização deste ano foi uma prova viva de que as coisas dificilmente podem ser entendidas isoladamente, e de que cada coisa deve ser vista como uma complexa rede de interações entre outras coisas.
Frase um tanto quanto confusa, não? Mas fica bem clara analisando-se o triste fim da COP 15 (Conferência de Copenhague).
Será que o lamentável fim se deu por conta das autoridades que são incompetentes? Será que a culpa é da cobiça dos mais ricos? Da arrogância dos poderosos? Ou será que ela falhou simplesmente porque é composta de seres humanos, como eu e como você...
Only to the braves:
O ano acaba e são muitas as pessoas que têm toda a certeza do mundo de que precisam levar uma vida mais saudável, abandonar uma velha vida e iniciar uma totalmente nova (e mais “sustentável”).
Porém, o que se vê é que, apesar do consenso, pouca gente se dispõe a “sacudir o esqueleto” e se regrar para manter atividades físicas regulares... tampouco querem abdicar daquela saborosa pizza de sábado a noite ou daquela cervejinha gelada de sexta-feira com amigos – e confesso que neste segundo grupo eu me incluo ;). E, acima de tudo, todos enchem a boca para falar das atitudes que as autoridades tomam ou deixam de tomar, mas quem é que se dá ao trabalho de, por exemplo, reciclar o seu próprio lixo???
Mas então, como esperar novos resultados mantendo-se os velhos hábitos???
Acredito que o que aconteceu em Copenhague foi algo semelhante. Todos concordam que é preciso dar ao planeta uma vida mais saudável e sustentável, mas quem é que quer suar a camisa para trazer ao mundo soluções mais ecológicas para os problemas atuais? Quem é que quer abdicar de devorar os (já escassos) recursos da natureza para aumentar sua própria riqueza? Quem é que quer gastar seu próprio dinheirinho com um problema que é global???
Que o façam os países ricos, que têm muito mais culpa no cartório e condições no bolso!
Que o façam os chineses, que para crescer rapidamente estão desrespeitando o planeta!
Que o façam os vizinhos! Qualquer um que não seja eu!
É muito fácil empurrar a culpa para as autoridades, mas me parece que precisamos analisar a conferência não como uma cúpula de malfeitores, mas sim como uma complexa interação de pessoas tão humanas quanto qualquer um de nós e que, da mesma forma, têm seus defeitos e limitações.
Mas aproveitando o ensejo, quando será que nós, humanos, chegamos à conclusão de que o mundo está aí para ser explorado?
Uma hipótese que me parece interessante é a de que, o que mudou, foi a forma como a humanidade encara o mundo onde vive.
Nos primórdios (mas bem nos primórdios mesmo) estávamos totalmente à mercê da natureza. Do frio, da chuva, dos ventos, do calor, da seca e etc. Mas, com o tempo, dominamos o fogo, aprendemos a manusear ferramentas, a construir, a armazenar, planejar mas, ainda assim, a natureza continuou sendo um grande mistério. Para alguns, fruto da ira ou satisfação de grandes Deuses (como Zeus, Hera, Atena ou Apolo); para outros, cada elemento era um Deus diferente (como o Sol, a Lua ou as águas). Depois disso, acabamos percebendo que as coisas não eram bem assim, mas, mesmo nesse momento, o planeta Terra permanecia sendo o santuário das criaturas mais “importantes” do universo (nós, é claro...), criaturas habitantes do grande centro “antrópico”.
Mas aí veio toda a revolução científica e a descoberta da “natureza mecânica” da Terra. O mundo já não era mais composto de Deuses, nem era o centro de tudo, apenas um pequeno fragmento levitando em um gigantesco universo regido pelas rígidas leis da física clássica.
A “Mãe Natureza” já não parecia tão maternal assim, o mundo assumiu uma característica muito mais semelhante a um mecanismo a ser decifrado, controlado e explorado em nome de nosso bem-estar.
A partir daí, nos vimos no direito de ver o mundo como um conjunto de engrenagens a ajustar de forma a otimizar seu uso, nos vimos no direito de usar, modificar e até mesmo exterminar cada “peça” dessa gigante “máquina”.
Bom... mas que venha 2010, e que este seja um ano de muitas reflexões, reavaliações mas, principalmente, ações e realizações! Feliz 2010 para todos os leitores!!! :)