domingo, 13 de dezembro de 2009

Copenhague – Reducionismo x Gaia

Resumo do Post:
O aquecimento global está em pauta. Na conferência de Copenhague se reúnem as maiores autoridades planetárias para definir o quanto precisamos nos mexer (ou não).
Neste ensejo, muitas polêmicas estão, mais do que nunca (como diria Fausto Silva), sendo levantadas.
A maioria de nós ainda pensa de forma muito reducionista, encarando atos e conseqüências sem muito cuidado e deixando de lado aspectos sutis mas de fundamental importância para entendermos a natureza do planeta em que vivemos.
Contrapondo o entendimento reducionista do mundo, temos a hipótese de Gaia. Muitas teorias levianas são montadas em torno do conceito de Gaia, o que faz com que muitos o tomem como um mito sem fundamento, mas a verdade é que esta teoria tem muito a nos ensinar.
Inicialmente conheci a hipótese de Gaia como sendo a hipótese de que a Terra seria um organismo vivo, e sempre interpretei esta afirmação “ao pé da letra”. Sendo assim, achava que era uma teoria um pouco furada (como acredito que muitos devam achar), tinha a convicção de que a Terra não tem uma consciência (no sentido mais convencional da palavra), não tem sangue correndo nas veias, não tem nenhum dos requisitos mínimos para ser considerada um organismo vivo. Mas este novo conceito de Gaia, baseado em fatos científicos, realmente me chamou muito a atenção.
A proposta deste Post é apresentar esta teoria controversa e propor a seguinte indagação: temos uma compreensão suficientemente profunda do planeta para nos julgarmos aptos a reunir um conjunto de pessoas e decidir o futuro do planeta?
Aos que toparem a discussão, sigam em frente no Post...



Only to the braves:
Cavaleiros do Apocalipse sentenciam que os seres humanos estão fadados a serem extintos em breve, pois o caminho que foi tomado já não tem mais volta.
Cucas “frias” dizem que este papo de aquecimento global é “intriga da oposição”, e que não há aquecimento nenhum na Terra. E tem até quem diga que, não só a Terra não está esquentando, como na verdade está se resfriando.
Professores pardais surgem com idéias mirabolantes e dizem que, simplesmente bombeando certos elementos no céu e nas nuvens, seria possível criar uma “proteção” que resfrie a Terra.

Bom, polêmicas à parte, será que a temperatura da Terra é realmente a única coisa que importa? Será que, mesmo que a Terra não esteja mesmo se aquecendo, ou de repente esteja se aquecendo em um ritmo totalmente aceitável (e não estou dizendo que está), não precisamos nos preocupar com a preservação do meio ambiente?
Alguém teria a coragem de negar que nossas águas, a cada dia que passa, estão mais e mais poluídas? Que as grandes quantidades de fumaça jogadas no ar são prejudiciais à saúde das pessoas (e dos outros animais)? Ou afirmar que não há problema em continuarmos com nosso ritmo de desmatamento??? Penso que não!

Mais uma vez nossa visão reducionista, e altamente voltada a números frios e isolados, nos faz perder o senso da realidade. Nos faz acreditar naquilo que é mais conveniente acreditar ao invés de nos fazer entender melhor a complexa realidade da vida.

Analisem com calma o seguinte ciclo:

- Vulcões jogam enormes quantidades de dióxido de carbono (CO2) no ar;
- O CO2 é reciclado em forma de oxigênio pelas plantas, mas a respiração dos animais equilibra esta troca (e esse ciclo, em si, já forma também uma grande rede de interconexões complexa e delicada). Sendo assim, o Dióxido de Carbono precisa ser eliminado da atmosfera;
- Para ajudar no processo de reciclagem de CO2, a natureza conta com a erosão das rochas. Estas combinam-se com a água da chuva e com o dióxido de carbono, e formam substâncias químicas denominadas carbonatos;
- Assim sendo, o CO2 é retirado do ar e retido em soluções líquidas;
- Essa solução é arrastada para os oceanos;
- Algas invisíveis a olho nú transformam a solução em conchas calcárias de carbonato de cálcio;
- Quando as algas morrem, essas conchas afundam no oceano e formam compactos sedimentos de pedra calcária;
- Devido a seu peso, com o tempo, as pedras se afundam no solo oceânico e voltam ao local de origem;
- Parte do CO2 será eventualmente jogado, pelos mesmos vulcões, de volta ao mesmo ar!



Este é um dos ciclos do Dióxido de Carbono, e, por si só, já seria bastante interessante. Mas há ainda um adicional a este processo. Este adicional faz parte da hipótese de Gaia, elaborada inicialmente por James Lovelock, onde uma das importantes características da hipótese é a de que a Terra possui seu próprio mecanismo de “auto-regulação” do Dióxido de Carbono (e conseqüentemente da temperatura da Terra).
- Certas bactérias aceleram a erosão do solo;
- A altas temperaturas, as bactérias se tornam mais ativas causando maior erosão do solo;
- Com a maior erosão, há mais combinação com  CO2, que volta em maior quantidade para os oceanos;
- Desta forma a temperatura da Terra se mantém praticamente constante através do importante conceito da “auto-regulação”.

Resumindo: mais calor, mais resfriamento; menos calor, menos resfriamento. Em um processo complexo, autônomo e consistente de “auto-regulação”. Este processo com certeza causaria inveja a muitos cientistas, engenheiros e profissionais de TI, pois envolve a monitoração de informações complexas, regulação através de infindáveis parâmetros e certificação de eficiência através de processos de realimentação contínua. É certamente uma obra de engenharia das mais geniais e sofisticadas que poderia existir, o “estado da arte” em termos de sistemas de monitoração e controle. O trecho exemplificado é obviamente apenas uma ínfima porção da rede toda e, mesmo este trecho, está bastante simplificado,  mas creio que é possível extrapolar o conceito e ter uma idéia da dimensão do conceito que está sendo discutido.

E é importante notar que não estamos falando de partes isoláveis que podem ser encaradas na forma de leis básicas e da interação de blocos separados através de parâmetros bem definidos. Estamos falando de uma enorme teia de interações onde qualquer instabilidade em qualquer nó da teia pode trazer alterações para todo o sistema.
Essa complexidade poderia nos levar a outra questão: será que o fato de os animais gerarem tanto CO2 e consumirem oxigênio e as plantas fazerem justamente o contrário é mera coincidência? Será que a simbiose entre animais é mero instinto? Será que todos esses ciclos são mesmo mero acaso ou há uma explicação por trás (seja ela “física” ou “metafísica”)? Esta discussão ficará para outro (ou, mais provavelmente, outros) Post. Mas quem quiser discutir nos comments pode sentir-se à vontade.

A questão central deste Post é: será que realmente podemos continuar ditando o rumo do planeta monitorando uma única variável e, pior do que isso, considerando-se apenas a taxa de crescimento graus Celsius / ano?

E o engraçado é que, se por um lado nós simplificamos demais certas questões para, convenientemente, enxergar apenas o que nos interessa, por outro lado transformamos questões simples em teorias mirabolantes com o mesmo objetivo. Por exemplo, discute-se a hipótese de a floresta amazônica começar a reduzir como efeito do aquecimento global causado pelas agressões à natureza realizadas pelo homem. Porém, neste exato momento (tanto neste em que escrevo quanto no momento em que você estiver lendo este Post) provavelmente há alguém derrubando mais uma árvore da Amazônia de forma ilegal e descontrolada. Por que será que insistimos tanto em complicar fatos simples e simplificar temas complexos???

21 comentários:

Unknown disse...

Apesar daquele trecho "Professores pardais surgem com idéias mirabolantes" ter sugerido uma ficção científica em torno do assunto, temos que concordar ou pelo menos refletir que se o homem com sua tecnologia foi capaz de aquecer o planeta, ele também deve ser capaz de resfriá-lo. Com esse intuito existe um trabalho científico muito sério e cada vez mais respeitado chamado "geoengenharia", que tem criado:

- árvores artificiais (que podem ser mais eficientes que as naturais na captação de CO2 e que também cumprem a função da erosão retendo esse CO2 em soluções líquidas que podem ser armazenadas)
- vulcões artificais (calma, eles apenas jogam enxofre na atmosfera que ajuda criar uma camada protetora)
- nuvens artificiais para refletir a luz do sol.
- espelhos em órbita da Terra para refletir a luz do sol.
- carne artificial (para diminuir a gigantesca população de gado que gera uma quantidade enorme de gás metano arrotando e peidando o dia inteiro...rs... )
- e outras coisas mais...

Claro que muitas idéias são mirabolantes, outras são caras, outras trazem grande desvantagens agregadas, mais algumas delas já estão em prática, funcionando e sendo aprimoradas como no caso das árvores...


Acredito que a temperatura da Terra não é realmente a única coisa que importa, mas se isto puder servir como pretexto para tomarmos uma atitude em prol da preservação do meio ambiente então "Amém", ou traduzindo o hebraico: "que assim seja"...

O ser humano às vezes só percebe que está errado e muda de atitude quando sente as consequências de tudo que ele fez. É como o ditado popular: "quando a água bate na bunda, ou você aprende a nadar ou morre afogado..."

Unknown disse...

Quanto ao "mecanismo de “auto-regulação” do Dióxido de Carbono (e conseqüentemente da temperatura da Terra)" ele realmente existe, o próprio ciclo de CO2 já é um tipo de mecanismo de auto-regulação.

Confesso que quando você anunciou que ia postar sobre a hipótese de Gaia eu fiquei preocupado sobre o quanto você ia "viajar" em cima do tema. Gaia foi a mãe de todos os deuses na mitologia grega e sugerir que a nossa "Mãe-Terra" é um organismo vivo também remete a mitologia, é quase como se tentássemos acreditar que nesse momento Atlas está segurando a mundo devido a punição de Zeus. Mas fico feliz em ver que você permaneceu em "terra firme" (abordagem científica) apenas sugerindo através da hipótese de Gaia que esse mecanismo de auto-regulação é mais sofisticado do que se imagina.

O problema é que apesar de esse mecanismo ser um "“estado da arte” em termos de sistemas de monitoração e controle" como todo sistema ele tem um tempo de resposta, e se tudo continuar como está esse tempo de resposta do sistema não será rápido o suficiente para evitar a nossa extinção.

Mas quanto a indagação "mero acaso ou há uma explicação por trás (seja ela “física” ou “metafísica”)?", apesar de você não ter dito literalmente ela leva a pergunta sobre a existência de algo maior: Deus. Sem contar aquela frase que todos já devem ter ouvido: Não existe coincidência (mero acaso), e sim providência (divina). Este assunto não é só polêmico ele é infindável, eu trabalho com um ateu convicto e um evangélico fervoroso e muitas vezes nas conversas surge o assunto religião, quando isso ocorre eu costumo dizer que eles entraram na guerra dos mil dias (referência ao cavaleiros do zodíaco: duelo entre dois cavaleiros de ouro), porque mesmo que essa batalha dure até o fim dos tempos, um não irá conseguir convencer o outro do contrário.

Eu acredito em Deus e sou católico, mas não há como provar que Deus exista. A ciência consegue provar muitas coisas, mas quando tentamos explicar a nossa origem, respondemos uma questão que leva a outra questão que leva a outra questão até chegar a um ponto que essa questão não pode ser respondida e sugere que havia "algo maior" (Deus) que iniciou tudo aquilo. Mas mesmo aceitando essa sugestão as questões não param por aí, porque aí nos perguntamos como Deus criou ou quem criou Deus, qual é a origem dele? E qualquer tentativa de responder essas perguntas vai parecer algo como o que o próprio Fábio citou nos comentários de seu último post: "a resposta tão combatida pelo nosso sábio Telekid: "Porque sim!""e assim termino com o jargão:


"Porque sim não é resposta!"


Abraços!


Rodrigo Letang

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Caro Rodrigo,

Eu comecei a escrever as respostas... mas acho que é melhor criar um novo Post (rs).
Eu estava em dúvida se criaria um "apêndice" logo após este Post, mas agora não estou mais, vou fazê-lo!
E para complementar a visão científica, vou escrever um pouco das boas coisas que poderiam nos trazer a crença em Gaia, mas não a Gaia científica, a mitológica mesmo desta vez...

Bom, as respostas aos comentários ficam para outro dia. Por hoje digo apenas que está de parabéns! Os comments estão cada vez melhores!

Abraços!

Unknown disse...

Copenhague valerá mais pela discussão do que pelas "talvez" providências que sejam tomadas ou acordadas.

Fato é que grandes países de "elite" estão ao menos conversando com diversos "minoritários" de igual para igual, isso sim é que vale a pena.

Certa vez me disseram que discutir sobre um problema é melhor do que "resolver o problema", pois durante a discussão estamos evoluindo, quando o resolvemos não temos mais o desafio e nem a boa vontade de pelo menos ouvir as idéias ou pensamentos divergentes ou de "supostos inferiores".

Quanto a Gaia não tenho dúvida, a Terra é um ser vivo que possui defesas, contudo também possui um ciclo assim como todos seres vivos. Nasceu, está sobrevivendo e um dia morrerá. Quando será este dia ou o que acontecerá depois sinceramente não desejo saber, apenas talvez presenciar quando o meu chegar (Espero que ainda dê para andar muito de moto antes... XD).

Unknown disse...

Certa vez também li num livro que resolver um problema é um mistura de um sentimento de perda com um sentimento de liberdade, e quanto mais nos dedicamos ao problema mais intensos são esses sentimentos.

É praticamente certo que um dia a Terra será destruída, e existem inúmeras causas possíveis para isso acontecer cuja probabilidade não é tão baixa a ponto de serem desconsideradas, causas internas, externas, naturais ou causadas pelo homem. Mas discordo na afirmação que isso seja um indício de que a Terra é um ser vivo, na minha opinião isso apenas nos mostra que há infinitas forças agindo sobre um sistema estável, e muitas dessas forças tem potencial para nos tirar desse estado de equilíbrio...

Quanto a andar de moto, acho que você está indo em direção a beira do abismo...tem mais causas possíveis para a sua destruição andando de moto do que para o juízo final...rs...


Falow!


Rodrigo Letang

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Em primeiro lugar, um esclarecimento bastante importante:
Não quis dizer que o mecanismo de "auto-regulação", por ser complexo, daria um jeito na nossa bagunça... mas que, exatamente por ser complexo, não deveríamos estar mexendo nele da forma como estamos mexendo...

Agora, aos Comments...
Glauco:
Grauquinho "Russo" o filósofo urbano, rs...
Eu acredito na Terra como ser vivo mais no sentido metafórico mesmo, até porque, se ela fosse viva já teria dado um jeito de livrar-se dos carrapatos sangue-sugas parasitas (no caso, nós, rs).
Mas quanto aos problemas, concordo... são os problemas que nos empurram pra frente e, de certa forma, é o que nos une a todos também. Mas não se preocupe, problemas sempre haverão, acabando um vem outro, rs

Rodrigo:
Fico lhe devendo um comment à altura... mas tão breve quanto possível escreverei!

Abraços!

Unknown disse...

kkkkkkk.....Gostei da frase: "se ela fosse viva já teria dado um jeito de livrar-se dos carrapatos sangue-sugas parasitas(no caso, nós, rs)"

Concordo que é perigoso mexer nesse mecanismo de auto-regulação, ele é tão complexo que por só estarmos vendo uma parte do todo, poderíamos piorar mais ainda ao tentar consertar. Algumas das idéias da geoengenharia se enquadram num grupo de risco, são idéias que podem até dar certo mas o risco de dar errado é grande e por isso foram deixadas de lado (a do vulcão artificial que citei é uma delas). Mas outras idéias são visivelmente inofensivas no aspecto de piorar ao invés de melhorar.


Rodrigo Letang

Unknown disse...

Olá, vi seu comentário no meu blog. Fico grata pela atenção. Bom, em relação ao futuro do planeta acredito que ele irá se sair bem, nós é que vamos nos dá mal. Afinal, sem nós ou não, o planeta tenderá ( como foi postado) a se auto-regular novamente... Alguns cientistas alarmistas afirmam que a 100 anos a terra abrigará apenas 30% da população que temos hoje. Verdade ou não, quem viver verá.
Abs!

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Muito obrigado pela visita Paula!
Re-ative logo seu Blog! Nem que seja para Postar uma vez por mês, rs
Blogs de qualidade precisam se manter na ativa! :)

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Rodrigo: cheguei à conclusão de que vou escrever PELO MENOS mais 2 posts com o tema Gaia, então não responderei detalhadamente seu Comment. Mas quanto a ser obrigatório abordar o assunto "Deus" quando se trata de explicações mais completas sobre a natureza da vida, discordo!
Nos vêm a cabeça apenas essa possibilidade porque somos ocidentais (digo "somos" porque, apesar da minha descendência, nasci no ocidente e boa parte de minhas influências são ocidentais, rs) e por isso em boa parte "Reducionistas" e Católicos (ou pelo menos cristãos).

PORÉM, existe a visão budista sobre a criação e a natureza humana, que não tem o "Deus" criador, onipotente, onipresente e onisciente...
Há teorias sobre a vida ter aberto seu próprio caminho na história... e em cima disso há as variantes sobre isso ter uma intenção por trás de algum ser superior (seja Deus ou não) e sobre a evolução simplesmente espontânea...
Mas há uma teoria, que é a que mais acho interessante e condizente, embora ainda não saiba dizer se acredito, de um inconsciente coletivo.
Mas isso, novamente, é assunto para um outro Post... ;)

Unknown disse...

inconsciente coletivo?

Tipo "Terra - Conflito Final" ?

desenterrei essa...rs...acho que você não vai lembrar...

era um seriado que passou na record por volta do ano 2000, sobre alienígenas mais avançados que chegaram a Terra pacificamente mas secretamente planejavam dominar o planeta e escravizar os humanos...

esses alienígenas tinham uma espécie de super avançado e interativo inconsciente coletivo...


Rodrigo Letang

Paula Pires disse...

Olá... Por mim tudo bem. Estou no msn: lavigne_filth@hotmail.com; mas vc pode manter contato pelo email: paulapires17@gmail.com
A ideia da Gaia é interdisciplinar, envolve quase todas as áreas: é realmente interessante.
Abs.

Thiago François disse...

Olá Hideki,

Primeiramente, valeu pela sua visita lá no blog da Engª Ambiental da Unifor.

Lendo posts do seu blog, e até mesmo pelo nome dele, deu para perceber que você está antenado com os "novos métodos" de se conceber a realidade. Concepção essa que requer uma visão sistêmica ou complexa de mundo.
No blog, estou sempre tentando relacionar o porvir do meio ambiente com a atual crise de percepção e a possibilidade de atualizá-la.

E vendo sua inclinação para o tema, te indico a rede social Escola da Complexidade, no endereço www.complexidade.ning.br

Abraços

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Paula: Obrigado pelos contatos. Espero podermos discutir muitos assuntos, principalmente enquanto eu estiver no assunto de Gaia :)
Com certeza é um assunto que rende muitas e muitas e muitas discussões.

Thiago: Obrigado pela resposta! dei uma olhada no site, parece ser beeem vasto, depois olharei com mais calma.
Se também puder me deixar algum contato agradeço! :)

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Rodrigo:
É... realmente não me lembro do seriado (rs), mas o inconsciente coletivo seria algo assim mesmo... a questão é que, no nosso caso, não temos "acesso direto" a esse inconsciente (até porque é inconsciente). Cada um de nós seria, ao mesmo tempo, parte desse inconsciente maior mas também uma consciência isolada agindo por conta própria.

E uma das teorias existentes é que conseguimos "operar milagres" através desse inconsciente coletivo (na verdade ela seria a criadora de tudo), mas como não temos fé em nós mesmos precisamos nos convencer que existe "um outro alguém" que faz os milagres por nós, por isso sempre rezamos para um "ser superior", seja ele qual for.
Não estou dizendo que acho que isso seja um fato, não sei nem mesmo dizer o quanto acredito que algo do gênero seja possível ou não, mas é uma hipótese... tão possível e tão improvável quanto tantas outras...

O que acha?

Unknown disse...

O inconsciente coletivo e o poder de interagir com ele para realizar coisas inimágináveis pode até existir, mas como você disse, possível mas improvável...

E só não podemos descartar o "possível" porque somos totalmente ignorantes no que diz respeito ao entendimento do nosso cérebro e da nossa verdadeira capacidade se pudéssemos utilizar todo o seu potencial...

Mas daí a acreditar que esse inconsciente coletivo seria o criador não me faz o menor sentido...

Penso que esse inconsciente (se existisse) seria um estado de evolução ou uma característica intrínseca ligada a seres vivos inteligentes. E acho que podemos afirmar com certeza, independentemente de ciência ou qualquer religião, que houve um tempo que estes seres ainda não existiam e logo o inconsciente coletivo também não.

Afirmar o contrário, que o inconsciente coletivo sempre existiu antes de tudo, no meu ponto de vista é o mesmo que acreditar que ele é um "ser superior"...


Rodrigo Letang

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Bom, para ser bem sincero, das primeiras vezes que ouvi isso, também me pareceu bobagem (assim como a teoria de Gaia), mas e se pensarmos no inconsciente coletivo não como sendo a manifestação de algo que vem dos humanos, e sim os humanos como sendo uma manifestação de uma força que já se fazia presente?

- Por que é que experimentos apontam na direção de que nossa consciência, no nível quântico, influencia a matéria?
- Por que é que pessoas de todas as religiões, independentemente de para qual Deus (ou seja lá o que for) eles rezam, conseguem alcançar milagres?
- Por que é que um certo conhecimento parece ter aparecido em mais de uma cultura sem que eles tenham tido contato?
- Por que as gerações parecem nascer, a cada dia, mais preparadas para as evoluções tecnológicas? Claro que a disponibilidade traz a facilidade, mas seria só isso?
- Porque todas as condições planetárias (seja lá quem as criou) parecem ter sido feitas exatamente para permitir o surgimento da humanidade?

Enfim, não lhe parece que a espécie humana tem um potencial criativo e evolutivo intrínseco?

E olhe que não estou tentando te convencer de que é um fato, até porque, como eu havia dito, também não sei até onde acredito.
MAS, me parece uma teoria mais consistente do que qualquer teoria já apresentada pelas religiões em geral. Não?

Abraços!

Unknown disse...

rs...não me convenceu...rs...

se essa força já se fazia presente antes, como ela surgiu, o que havia antes dela, quem a criou? um ser superior talvez? não tem jeito, é como eu havia dito antes qualquer tentativa de resposta sobre as nossas origens cai num loop infinito de questões uma levando a outra...

mas sobre as suas 5 perguntas:
1) nossa consciência não influencia a matéria, se você se refere ao princípio da incerteza de Heisenberg, como já discutimos em outros posts, trata-se mais de um problema de metodologia e instrumentação de uma experiência do que qualquer outra coisa...
2) se falássemos em probabilidade de um fato inesperado ocorrer, um a cada mil por exemplo, apesar de improvável é possível e quando acontecesse seria chamado de milagre...
3) instinto
4) a resposta está na própria pergunta: evolução
5) justamente por isso é que só conhecemos um planeta com condições para a vida e apesar de ser provável que existam outros, é muito difícil encontrá-los.

Sim, a espécie humana tem um potencial criativo e evolutivo intrínseco, mas isso é natural e faz parte da evolução...

Enfim, tudo são especulações e dificilmente um dia conseguiremos provar alguma coisa nesse sentido...

Abraços!


Rodrigo Letang

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Mas eu lhe disse que não estava tentando te convencer! rs

Mas de qualquer forma, vamos à tréplica, rs

A idéia nessa teoria não é eliminar a necessidade de um ser superior, e sim sugerir que o próprio homem é o ser superior (ou pelo menos parte desse ser).

E quanto às questões:
1) O caso de Heisenberg realmente é uma questão de experimentação. Mas existe uma outra teoria, acredito que menos aceita dentro da comunidade científica, de que o estado de uma partícula sub-atômica depende diretamente da conscientização humana. É uma teoria que se pode ver em uma das interpretações da "experiência hipotética" do "Gato de Schrödinger", onde a partícula existe, mas somente se "colapsa" no momento da observação. Enfim, não sei até onde isso é fato e até onde é especulação, mas é uma teoria existente.
2) Concordo, mas dessa forma você estaria inviabilizando toda e qualquer religião ou forma de crença.
3) Algumas com certeza são, outras não parecem, mas podem ser também, não há como negar.
4) Sim, é a evolução. Mas ocorre uma evolução da "consciência"? Do "intelecto"? A evolução física é mais fácil de explicar, mas a mental é um tanto difícil (embora algumas questões da "epigenética" já sugiram isso).
5) Sim, é exatamente por isso que é difícil mas... aí vem uma questão menos científica e mais filosófica... eu de uns tempos para cá venho me questionando... vendo cada detalhe de como todas as coisas e seres interagem para favorecer a evolução da vida... será que isso tudo é realmente aleatório??? Não tenho a menor esperança de que isso seja respondido (pelo menos tão cedo), mas de qualquer forma, é interessante pensar a respeito.

E novamente enfatisando, eu também não diria que acredito nessa teoria, mas acho que muitos aspectos fazem sentido.

Agora, o que eu acho é que essa teoria é mais coerente do que o surgimento do homem a partir de "Adão e Eva". As duas coisas podem estar erradas, mas essa me faz mais sentido...

Eu diria assim... nunca tive nenhuma inclinação a nenhuma religião... nenhuma parecia, a meus olhos, muito convincente... se eu fosse dizer que acredito em algo (pelo menos para não dizer que sou totalmente descrente), eu diria que acredito nisso... ;)

Unknown disse...

O Gato de Schrodinger é uma tentativa de criar uma analogia no mundo físico clássico à problemas da física quântica, que devido a dificuldade de definir algo com absoluta certeza trata tudo com probabilidades. A conscientização humana do observador na verdade é a instrumentação interferindo na propabilidade. Se a probabilidade é de 50% então qualquer interferência externa pode fazer a partícula colapsar num estado ou no outro, no caso o gato morto ou vivo. Mas realmente existem várias interpretações para esse paradoxo...

Quanto a Adão e Eva realmente é difícil de engolir, mas cada vez mais a igreja está tomando consciência que os eventos descritos no Genesis são na verdade representações poéticas do que realmente aconteceu...

Enfim, todas as religiões tem suas brechas, nenhuma é perfeita e nenhuma consegue explicar comprovadamente a nossa origem, por isso nós da área de exatas tendemos a preferir acreditar em algo que tenha lógica ou que de alguma forma seja concebível do ponto de vista científico do que simplesmente confiar puramente na fé e aceitar algo que não se pode questionar.


Rodrigo Letang

Fábio Hideki Kawauchi disse...

Bom, acho que essa sessão de comments já se tornou bastante "pesada" e, sendo assim, tomo a liberdade de passar adiante para o próximo Post!

Próximo!

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